Descrição do DVB-T
Recorrendo à norma MPEG-2 [1] para definir o fluxo de dados a ser transmitido, o DVB-T define as camadas inferiores de transporte necessário para se obter o serviço de televisão digital terrestre. Isto significa que o DVB-T desenvolveu a codificação de canal e a modulação a ser utilizada na ligação rádio a ser implementada. O facto de se tratar de uma ligação terrestre, que se caracteriza por um elevado ruído e problemas ao nível da multiplicidade de caminho, faz com que seja necessário recorrer a uma modelação que permita suprimir as deficiências do canal.
O primeiro elemento a ser considerado é a codificação de canal. No DVB-T esta é realizada através do código de bloco Reed-Solomon (204,188), que permite não só a detecção como a correcção de erros. Este código é aplicado a cada pacote vindo do fluxo de transporte, tendo sido adaptado às dimensões do pacote [2]. No entanto, para melhorar o comportamento da codificação de canal, recorre-se à técnica de Interleaver [3]. Esta técnica não adiciona capacidade na correcção de erros, no entanto, permite que na descodificação a detecção de erros de rajada seja facilitado através da ordenação dos bits [2]. Existem várias configurações para o funcionamento do Interleaver, uma vez que é possível definir não só diferentes níveis de atraso necessário para o armazenamento dos bits, como também variar o número de bits a serem considerados na reordenação.
Apesar do DVB-T já incluir codificação de canal e consequentemente protecção a erros, definiu-se um código convolucional para ser aplicado após a codificação de bloco de moda a melhorar a performance do canal. Este código apresenta um ritmo de código de ½, contudo, através da técnica Puncturing consegue-se ritmos de código de 2/3, 3/4, 5/6 e 7/8.
A modelação utilizada para transmissão, que no DVB-T é a OFDM (Orhtogonal frequency division multiplex) [4], cujos resultados no terreno revelaram uma boa performance relativamente à resistência à interferência e ao fast-fading resultante da multiplicidade de caminhos do sinal. O OFDM consiste no uso de um conjunto de sub-portadoras, ortogonais entre si, sendo que cada sub-portadora pode ser modelada por uma outra técnica, por exemplo, QPSK, 16-QAM ou 64-QAM [5]. Existem dois modos de funcionamento para o OFDM, o 2k e o 8k, que diferem nos parâmetros da modelação, por exemplo, no número de sub-portadoras ou no tempo de guarda. O modo 2k é vocacionado para a cobertura de áreas de pequenas dimensões e caracteriza-se pela menor complexidade apesar de ser pouco imune a interferências. Já o modo 8k garante uma cobertura maior e maior imunidade a interferência à custa de maior complexidade.
Para realizar a transmissão dos dados é necessário definir os parâmetros de transmissão. Para isso, alocam-se portadoras para transmitir os dados de sinalização. Estes dados formam o TPS (Transmission Parameter Signaling) [1].
Pelas técnicas utilizadas verifica-se que o DVB-T apresenta-se como uma norma flexível que permite um leque variado de configurações do sistema, sendo possível definir diferentes qualidades de serviço. Apesar do DVB-T ter como principal requisito a transmissão para terminais fixos, procurou-se, durante a sua especificação, garantir que também seria possível a recepção por parte de terminais móveis. O facto de a modulação ser o OFDM, os modos existentes facultarem a recepção a velocidades consideráveis e uma codificação de canal robusta, levaram a que o DVB-T tenha bons resultados para além dos terminais fixos.
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